Prefácio
Existem duas maneiras diferentes de imaginar nossos oceanos, rios e lagos. Há quem trate os corpos d’água como oportunidades econômicas, como uma “economia azul”, algo que pode ser explorado mas de alguma forma equilibrado com políticas de sustentabilidade. Eles prevêem governar corpos d’água por meio de mercados e instrumentos financeiros. Pensar nestes termos orientados para o mercado garantirá um mundo repleto de desigualdade e violência.
No entanto, existem aqueles cujas vidas estão interligadas com corpos d’água. Os povos dos oceanos, das água e da pesca são essenciais para os ecossistemas aquáticos e para a vida. Eles entendem os oceanos, rios e lagos como fundamentais para quem eles são e seu modo de vida. A plena realização dos direitos humanos dos povos dos oceanos, das águas e da pesca é a forma mais poderosa de garantir que os corpos d’água do mundo prosperem.
O processo e a sentença dos Tribunais dos Povos do Oceano, da Água e dos Pescadores constituem uma das expressões mais importantes da solidariedade internacional em relação à vida aquática. Eles fornecem uma compreensão crucial do que está em jogo e do que deve ser feito para garantir que as nossos corpos d’água continuem a ser a fonte da vida.
Michael Fakhri - Relator Especial da ONU sobre o Direito à Alimentação